Ir a um shopping e voltar de mãos vazias parece algo quase impossível nas famílias de adolescentes. Isso acontece porque nessa fase o cérebro ainda está desenvolvendo a capacidade de controlar as respostas emocionais, o que muitas vezes resulta em compras por impulso. Então como ajudá-los a resistir às tentações trazidas por vitrines e vendedores que vão fazer de tudo para vender a qualquer custo?

Entenda como os adolescentes tomam decisões

A gente sabe que não é fácil resistir às compras por impulso. O nosso usuário Fábio* também: o filho mais novo é apaixonado por tênis e acompanha todos os lançamentos. Recentemente ele pediu ao pai para levá-lo à inauguração de uma loja. O combinado foi que iriam apenas para conhecer, sem comprar nada. Só que, quando chegaram lá, a promessa foi rapidamente esquecida.

Então o Fábio adotou uma estratégia salvadora para conseguir sair do shopping com o filho sem comprar nada.

Quando chegaram no shopping, Fábio e o filho entraram em uma primeira loja e foram imediatamente abordados por uma vendedora. Ela mostrou um modelo de tênis que estava sendo lançado naquele dia e disse que havia apenas quatro pares em estoque. O filho do Fábio experimentou e, claro, adorou e quis comprar na hora! Fábio argumentou: “por que você não dá uma volta na loja?” Enquanto olhavam outros produtos, a vendedora voltou e disse: “outros clientes já compraram os tênis, agora só sobrou um tamanho”. Detalhe: o tênis era um número menor, mas mesmo assim ele queria comprar

Naquele momento, aconteceu o primeiro desafio: o adolescente mostrou que possuía, na Reserva do Blu, um valor suficiente para comprar o tênis. Fábio então conversou com o filho e mostrou que ele gastaria praticamente tudo o que havia poupado para adquirir um par que nem ao menos caberia em seu pé. Com muita conversa, e sem brigas, os dois decidiram seguir para a inauguração da loja seguinte, que afinal era o objetivo do passeio no shopping.

Chegando lá, a cena se repetiu: o vendedor os abordou, mostrou um tênis, disse que era o último par. Fábio aproveitou para conversar novamente com o filho, mostrando que esta é uma estratégia de vendas muito comum, que se aproveita das armadilhas da nossa mente para nos fazer comprar coisas que nem queremos tanto assim.

Veja como as marcas usam nossos mecanismos mentais para nos levar a comprar por impulso

No total, foram quase duas horas de passeio no shopping, com muita conversa e uma ótima oportunidade para desvendar a maneira como as táticas de venda se aproveitam dos mecanismos da nossa mente para nos fazer desejar algo imediatamente. Depois de entender que o imediatismo não passa de uma estratégia dos vendedores, ficou mais fácil controlar a impulsividade e voltar para casa sem as compras.

Em resumo

Estimular a autonomia não significa que os adultos devem abrir mão de orientar seus dependentes. A educação financeira na prática funciona assim: os adultos podem dar aos adolescentes uma quantia suficiente para eles fazerem suas próprias escolhas na hora de consumir. Ao mesmo tempo, é fundamental acompanhar os gastos, ajudá-los a planejar com consciência e usar os eventuais erros como oportunidades de aprendizagem, corrigir comportamentos inadequados e criar bons hábitos.

Fica nossa dica: comece hoje mesmo a educação financeira na prática!

*Os nomes citados neste post foram trocados para preservar a privacidade dos assinantes.